Para se fazer ciência, é preciso respeitar o método científico, que basicamente se resume a: 1) observar a natureza; 2) Formular hipóteses; 3) Estudar essas hipóteses com a teoria existente e traçar um paralelo com as observações vistas; 4) Verificar se as observações corroboram as hipóteses feitas. Se sim, a hipótese se torna um novo conhecimento e fonte para novos estudo. Senão, novas observações e outras hipóteses devem ser feitas.
Este quadro ilustra o processo do método científico como é feito. E aqui você encontra mais informações sobre o que é o tal método científico.
No entanto, nos dias atuais, nem todos os trabalhos seguem estes princípios. Não porque as técnicas mudaram nas últimas décadas. É por desonestidade mesmo.
Ciência descartável, ou pseudociência, é toda ciência que viola os princípios do método científico, para que o trabalho sirva não como um instrumento de aumentar o conhecimento, e sim para servir de propaganda a agendas e interesses diversos, procurando convencer os leigos de aceitar uma ideia incorreta e absurda que foi abençoada pelo respaldo científico.
Entre os métodos desta ciência utilizados estão: invenção e/ou manipulação de estatísticas; omissão de fatos que poderiam contradizer as ideias que se quer defender; uso da autoridade alheia (cientistas reconhecidos) para corroborar ideias; apelo comercial (anúncio de pesquisas "revolucionárias" e descobertas "estarrecedoras" nas revistas especializadas), etc. Tudo feito para enganar e convencer pessoas a aceitarem algo que jamais aceitariam com o bom senso.
Para reflexão, segue o texto:
O quanto se pode confiar na ciência?
Por Seth Roberts, Daniel Lemire's blog
Não é difícil encontrar casos de fraude na ciência:
Ranjit Chandra falsificou resultados de pesquisas médicas. Ele embolsou todo o dinheiro que iria para a realização das experiências. Woo-suk Hwann anunciou um caso falso de clonagem humana, entre outras coisas terríveis; Jan Hendrick Shcön anunciou um falso transistor de dimensões moleculares. Como a vida deles ficou depois deles terem sido pegos?
Ranjit Chandra ainda comanda a Ordem do Canadá, pelo que eu me lembro. De acordo com a Scopus, seus 272 artigos já foram citados mais de 3000 vezes. E quanto à Universidade? Deixe-me citar a Wikipedia: "Os oficiais da Universidade afirmaram ser impossível abrir uma investigação sobre fraudes científicas porque os dados brutos, com as quais seria possível uma avaliação apropriada do caso, estavam faltando. Devido a acusação ser da inexistência de tais dados, tratava-se de uma acusação confusa.
De acordo com a Scopus, Woo-suk Hwang já foi citado mais de 2000 vezes. E por mais que tenha falsificado pesquisas e cometido várias violações éticas... ele ainda publica artigos.
Independentemente dos artigos que já foram reprovados, Jan Hendrik Schön ainda possui 1200 citações, de acordo com a Scopus. Ele perdeu seu cargo de pesquisador, mas conseguiu um trabalho de engenheiro na Alemanha.
Conclusão: Fraudes científicas são uma prática de baixo risco e altíssimas recompensas.
O mais grave é que nós ainda associamos revisão científica com verdade. O argumento segue a linha: Se é um trabalho importante do qual aas pessoas dependem dele, e que foi revisto por outros cientistas, então deve ser verdade. Somado a isso, achamos que revisão científica convencional + citações quer dizer validação. Acho que estamos errados:
A revisão científica convencional é rasa. Chandra, Hwang e Schön publicaram estudos científicos falsos por muitos anos nos meios científicos mais prestigiosos. Mas a verdade é que os revisores não reproduzem os resultados da pesquisa. Eles geralmente não têm acesso aos dados e aos softwares utilizados. E mesmo que tivessem, eles provavelmente não teriam motivação para refazer todo o trabalho só para verificá-lo.
Citações não são validações. Chandra, Hwang e Schön foram citados inúmeras vezes. Isto pouco surpreende: resultados impressionantes são mais propensos a serem citados. E pesquisas de doutores geralmente são ainda mais impressionantes. Ainda assim, os cientistas não reproduzem trabalhos anteriores. E caso você tente reproduzir os resultados de algum trabalho e fracasse, você provavelmente não irá publicá-lo. Sem dúvida, é difícil publicar resultados negativos; os jornais não estão interessados neles. Além disso, há um risco da retaliação: os autores poderiam entrar na ofensiva. Eles poderiam questionar sua própria competência.
Existem muitas fraudes pequenas. Mesmo sem fabricar dado, você pode trapacear levando o leitor ao engano, por omissão. Você pode apresentar os dados de formas criativas, p. ex. transformar médias inexpressivas em fatos absolutos omitindo sua variância (leia sobre a falácia dos números absolutos). Estas fraudes mínimas aumentam as chances de ver seu artigo sendo publicado e, então, citado generosamente.
Como resolvemos o problema? 1) Confiando mais nas pesquisas menos impressionantes em vez daquelas mais impressionantes; 2) Suspeitando das tendências populares; 3) Fazendo nossas próprias experiências.
Você vê pesquisas todo dia sendo anunciadas na grande mídia, cujas conclusões, por sinal, são muito chamativas:
Fumar pode piorar a ressaca, diz estudo
Chocolate pode acabar com tosses frequentes, diz estudo
Deitar uma hora mais cedo reduz pressão [arterial], diz estudo
Doze mulheres são mortas por dia, diz estudo
7 em cada 10 mulheres terão candidíase durante a vida, diz estudo, OU
7 em cada 10 mulheres serão violentadas durante a vida, diz ONU
De onde eles tiraram tais conclusões? Que dados eles utilizaram? Que método eles utilizaram? Que tratamentos, controles eles fizeram? Que hipóteses eles testaram? Os leigos tendem a esquecer essas questões e tomar tais "pesquisas" como verdadeiras. No entanto, vocês devem se questionar e sair atrás de dados que realmente comprovem o que está sendo dito, nem que seja apenas para dar uma olhada no artigo original e atestar que trata-se de material publicado em revista científica.
Esteja de olho!
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