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Boa leitura!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Crise nervosa, uma experiência de quase morte


Quando esta semana começou, tudo indicava que ia ser uma semana normal: que eu ia trabalhar da maneira usual, comer da maneira usual, ter as mesmas preocupações de sempre, e fazer um novo post para a Manhood Academy Brasil já na segunda feira.

Mas não foi o que aconteceu.

Na segunda-feira de manhã, no ônibus, eu comecei a sentir falta de ar. Já estava ficando preocupado com isso porque não tinha sido a primeira vez que acontecia; pelas duas
semanas anteriores eu já sentia que alguma coisa já não ia bem comigo. Uma vez eu levei a mão a meu peito e fiquei apavorado ao não sentir batimento nenhum. Como já tinha ouvido de muita gente jovem que teve morte súbita, começava a ficar com medo de estar prestes a ter um ataque também.

Então, cogitei procurar o médico assim que o trabalho acabasse no fim da tarde. Enquanto isso, eu passei a manhã trabalhando e buscando ar em inspirações profundas e rápidas assim que eu sentia ter outra falta de ar. Eu ia me segurando enquanto podia. "A hora de ir pro médico está chegando, aguenta aí", pensava eu.

Foi na hora do almoço que a situação começou a se complicar e eu comecei a me sentir mal de verdade. A cada mastigada eu me sentia sufocado, sem ar, e contava os segundos para poder engolir a comida e respirar mais aliviado. A sensação de sufoco aumentava enquanto mais gente chegava ao restaurante. Já entrando em desespero, eu fui ao banheiro tentar relaxar por uns 2-3 minutos para voltar e terminar de comer. Não consegui.

Com minhas últimas energias se esgotando, voltei ao escritório para pedir dispensa à tarde e procurar um médico. Meu chefe então me liberou e indicou uma clínica bem perto do lugar onde almoçava. Mas eu já sentia não ter mais forças para aguentar mais uma caminhada de 10 minutos até a clínica. Já estava ficando tonto, sentindo que ia desabar no chão a qualquer momento. Saí do prédio e abordei pessoas procurando uma carona até a clínica.


Foi então que encontrei dois colegas meus indo pro almoço. Foi uma salvação. Rapidamente, eles me levaram até a clínica. Saí sozinho e, na recepção, pedi emergência, e assim pude ir direto ao ambulatório.

Deitado já na cama do ambulatório, a falta de ar aumentava, assim como minha ansiedade de ser atendido por um médico, que parecia nunca aparecer. Reclamei com as enfermeiras por não virem me atender nem me medicar. Como podiam me largar ali, com eu quase morrendo?

Elas então vieram me atender, e tirar minha pressão. Logo depois de constatarem que estava normal (14-9), a pior parte chegou.

Respirava desesperadamente, a 200 km/h, e sentia meu corpo inteiro ficando dormente e inchado. Os dedos da minha mão ficaram duros e torcidos. Minha garganta ficou seca como areia, e isso dava uma sensação ainda maior de falta de ar. Eu já não falava mais nem engolia saliva; eu gemia e respirava alucinadamente, me sentindo a ponto de explodir em mil pedaços. E enquanto eu lutava desesperadamente para respirar, ficava imaginando por quanto tempo eu iria continuar daquele jeito até apagar completamente. Me lembrei de quando experimentei a mesma sensação aos seis anos de idade, quando fiquei internado por causa de uma pneumonia. Foram exatamente nessas duas situações que eu imaginei que iria morrer.

O médico finalmente chegou para me examinar, e logo que começou a examinar meus batimentos, me pediu para me acalmar e respirar mais devagar.

"Eu... não consigo!", foi o que disse com toda dificuldade.

"Respire mais devagar, você não está nem tentando", respondeu ele.


Então eu segurei minha respiração e comecei a me esforçar para respirar mais devagar. De repente, comecei a melhorar. O inchaço diminuiu, eu comecei a sentir os dedos das mãos de novo, senti a circulação voltar por todo o corpo. Dois minutos depois, toda aquela sensação horrível tinha passado, mas eu ainda estava muito desgastado e cansado. Deitei por umas duas horas, ainda se queixando de dor no peito e batimento acelerado. As enfermeiras me deram Dramin pra relaxar. Meu chefe me visitou, e eu contei para ele tudo o que tinha acontecido, mas que já estava melhor. E assim, passei o resto da tarde na clínica.

Depois do repouso, chegou a hora da consulta. Eu fiquei na sala de espera enjoado, e ao mesmo tempo ansioso para ver o diagnóstico. Desta vez, eu senti que iria descobrir a verdadeira razão de ter passado tão mal nos últimos dias antes do ataque.

Quando chegou a minha vez de ser atendido, falei que eu já vinha sentindo falta de ar duas semanas antes do ataque, e perguntei o que havia acontecido comigo. E ele disse:

"O que você teve foi uma crise de stress."

Num primeiro momento, eu fiquei incrédulo. Afinal, eu nunca me considerei uma pessoa estressada, apesar de sentir muita ansiedade; também nunca imaginei que a enxurrada de coisas que passava na minha mente fosse capaz de afetar até mesmo a forma como eu sinto meu corpo. Foi o que eu disse para ele, que respondeu que ansiedade também leva a isto, bem como se tratava de um estágio pré-depressivo. Ele me perguntou sobre minha formação, meus hábitos e meus vícios.

Sim. Eu estou próximo de completar 26 anos, sou recém-formado em Engenharia Civil e me viciei em fóruns de internet. Nas últimas semanas, tenho chegado a dormir 4 horas ou até menos durante a semana, e estive me sentindo ao mesmo tempo acabado e ansioso por conseguir as coisas: reconhecimento, família, casa própria, bem-estar e mais vida social. Passava o dia alternando entre preocupações com o futuro e a sensação de alívio que eu sentia ao navegar e discutir nos fóruns. Era como tomar uma droga qualquer, que me fazia esquecer dos meus problemas por um tempo. Ia para a cama cheio de esperanças para o dia seguinte e acordava exausto e sem ânimo para tentar fazer coisas novas, mudar meus hábitos. Todo dia.

Depois da consulta, ainda fiquei na clínica esperando meu pai vir me buscar. Nesse meio tempo, me tranquei no banheiro e chorei como já não fazia há muitos anos. Foi uma sensação estranha, pois me sentia ao mesmo tempo aliviado por derramar lágrimas de angústia represadas por muito tempo, e ao mesmo tempo ridículo ao ouvir meus próprios gemidos, preocupado com a possibilidade de alguém ouvi-los. Não devia me importar com que os outros pensam, mas eu ainda me importo. Esta é uma das causas da minha miséria atual.

Não fiz mais nada naquela segunda. Uma vez em casa, apenas tomei banho e fui para a cama, permanecendo lá pelo resto da noite. Só me sentia mais tranquilo quando estava deitado. Era o único momento que me sentia melhor, mais aliviado. Nos dias seguintes eu consegui ir trabalhar, mas mesmo assim ainda sentia enjoos, estômago pesado, e muito medo de ter um novo ataque. Procurava me deitar e relaxar durante o dia, no meu carro, sempre que tinha oportunidade, mesmo que fosse apenas por cinco minutos. À noite, dormia super mal, ainda acostumado a pegar no sono durante a madrugada. E sentia muita, muita angústia.

Mas graças a Deus, estou melhorando. Hoje, sexta-feira, eu estou muito bem, apesar de ainda ter uns acessos de ansiedade. Acredito que minha consulta com uma psicóloga ontem de tarde me ajudou bastante a superar esse a situação pós-trauma, e empolgado com os resultados, já agendei novas sessões. Finalmente eu consegui ter nervos o bastante para relatar esta experiência para vocês, porque eu cheguei a pensar que pudesse ter outra crise só de relembrar toda essa via crucis que passei. Mas, fisicamente e mentalmente, estou OK.


Mas isso não me impede de pensar no quanto nossa mente é capaz de nos sabotar fisicamente. Em diversos momentos, eu superestimei minhas capacidades físicas graças à minha euforia. Acredito que qualquer um já tenha imaginado ser um super-homem, se sentindo com todo vigor do mundo mesmo estando fisicamente exausto. É impossível não me comparar com aqueles caras que morreram depois de jogar videogames por horas seguidas, inundando o cérebro de endorfina a ponto de se concentrar apenas na sensação de euforia que o jogo proporcionava enquanto o corpo entrava em fadiga. Assim como eles, eu ignorei meus limites. A sorte minha é que eu consegui sobreviver a isso, e hoje sei onde eu posso chegar caso venha a não respeitar meu corpo novamente.

Isso quer dizer que eu vou criar o hábito de dormir mais, pelo menos 7 horas por dia, e substituir várias horas semanais de internet por atividades mais saudáveis, como mais exercícios físicos, mais visitas a parques e mais contato social. Isso vale como um alerta para vocês também: existem muitos artigos que falam sobre vício em internet e jogos eletrônicos, que podem ser tão devastadores como o vício em drogas. Muita gente acha que o vício em internet e jogos é balela, mas definitivamente, não é brincadeira. Este relato é apenas uma prova disso.

Portanto, a mensagem que eu quero deixar no final é, cuidem de sua saúde. Pelo menos procurem dormir mais, pois como minha psicóloga disse ontem, é durante o sono que se consegue reestabelecer e renovar o controle emocional. Se você dorme menos de seis horas por dia, comece a dormir mais imediatamente, ou se prepare para uma rebelião dentro de seu corpo. Falarei de assuntos relacionados a este em alguns dos próximos posts.

Força pra vocês!

4 comentários:

  1. Que bom ler, e ao mesmo tempo lamento, esse texto, que narra uma experiência praticamente idêntica a que eu tive quando organizei uma Comissão Eleitoral, e tive exatamente esses teus sintomas. Aos poucos meu corpo ia perdendo força, suor massivo e frio... fiquei esperando o desfecho. E mesmo tendo ocorrido no meio da rua, ninguém me ajudou, talvez achando que era efeito de drogas. Chamaram a Polícia(!!!) e felizmente esses tiveram a dignidade de me levar a um hospital.

    Enfim, muito negativismo, café, falta de sono e um desespero imenso por "não fracassar" destroem qualquer corpo, mais cedo ou mais tarde.
    Hoje dou mais valor aos bons amigos, a não dar passos maiores que a perna e evite muitos riscos.
    Pode nem sempre ser o correto, mas eu tenho muito MEDO de passar pelo que eu passei. É uma sensação de morte lenta, humilhante e um sufoco permanente...

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  2. Pois como aconteceu quase igual. Há uns 2 meses atrás comecei a sentir que o ar faltava, por mais que eu puxasse com toda a força aquele ar que eu inalava não era suficiente, a sensação era terrível, era como se o ar que eu respirava entrasse só pela metade, meu corpo clamava por mais oxigênio. Pensei que era coração, pois dias antes tinha sentido meu coração disparar, uma arritmia. Achei que ia meu coração tava pifando mas alguma coisa não fechava porque dias antes havia feito um eletro e tinha dado normal. Liguei pra minha irmã e contei o que estava acontecendo, ela me convenceu a ir no plantão do hospital. O médico me disse: "o que você está sentindo é o teu sistema nervoso que está num alto grau de estresse e crise de ansiedade". Só no falar com o médico comecei a sentir o ar voltar novamente. Me receitou um remédio contra a ansiedade muito bom. Mas sinto que meu perfil emocional vai ser sempre essa montanha-russa, eu sou uma pessoa que não consegue ver as coisas sem se indignar, eu não aceito injustiças e falsidades e por isso me sinto sempre em estado de tensão.

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  3. Comigo aconteceu a mesma coisa, eu tenho 19 anos e estava em meio a muita pressão, no meu estágio minha chefe exigia muito de mim, na faculdade eu me preocupava em tirar notas boas,me preocupava com o fato de não ter um namorado e ter um namorado e as pessoas cobrarem isso de mim,várias vezes eu tinha alguns desentendimentos com a minha mãe mas estes logo se resolviam, porém, foi em meio a uma discução que tive com ela, ela enfurecida saiu de casa e eu comecei a passar mal, eu me sentia sufocada, não conseguia respirar, e foi quando tudo começou a ficar escuro, e eu sentir muita tontura que eu pensei que ia também desabar, mas comecei a pedir em pensamento pra Deus me ajudar saí de casa para poder tomar um ar e ver se conseguia respirar melhor, foi quando minha mãe viu o meu estado e foi logo ligando´pra ambulância mas todas as ambulâncias estavam ocupadas então a pessoa do outro linha foi dando dicas para minha me acalmar, e então fui me acalmando e melhorando, mas depois como eu ainda sentia falta de ar, minha mãe me levou para o hospital, fiz um tanto de exames e não deu nada, era uma crise nervosa o que eu tivera, então fui medicada e comecei a melhorar...

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  4. Caro colega, sugiro que em vez de psicóloga, procure um psicólogo. Por mais que ela aja profissionalmente, sempre dará pitacos pro lado feminista e nunca entenderá completamente a forma de pensar de um homem.

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