Por Prof. Plum
Certo, eu acho que agora é uma boa hora de falar sobre
expressão ordeira.
Sim, existe algo a dizer sobre sinceridade. Compartilhar
seus fracassos que te envergonham junto com seus sucessos de maneira sincera
traz outras pessoas para suas experiências. Mas existem experiências que você
deve evitar compartilhar. Eu sei que jamais toquei de fato neste assunto porque
a maioria das pessoas possuem o problema oposto – o de não compartilhar o
bastante. Mas alguns de vocês devem estar no ponto em que precisam de alguns
ajustes, para que não fiquem ao mar.
Vocês devem considerar o propósito de compartilhar suas
experiências. Por exemplo, falar de uma história embaraçosa de ter mijado nas
calças na 5ª série, recordar de ter peidado na frente de uma mulher bonita
durante um encontro ou admitir seu uso de drogas revela que você tem problemas,
fracassos e momentos embaraçosos assim como todo mundo – que você é
vulnerável. As pessoas conseguem se
relacionar com isso. As pessoas podem entrar nessa experiência.
Mas outros aspectos de sua vida irão repelir as pessoas.
Falar de seu interesse sexual por tartarugas, falar das novas do progresso se
sua herpes genital, confessar o número de garotas de programa enterradas no seu
quintal ou () seu ânus são assuntos que requerem discrição. Ou você fica íntimo
com sua audiência antes de confiar nela para compartilhar tais informações
delicadas, ou se abstém de compartilhá-las se elas não contribuem em nada para
estabelecer uma interação social ordeira.
Por exemplo, vamos dizer que você tem verrugas na genitália.
Compartilhar tal informação com um estranho qualquer é problemático por várias
razões e geralmente não criará uma interação social ordeira. No entanto, se
você estiver numa clínica e precisa de remédio para isso, você deve
compartilhar. Recusar fazer isso irá criar uma interação social desordeira onde
você não será capaz de satisfazer suas necessidades (neste caso, você não
conseguirá o remédio que precisa).
Mas fora de um contexto especificamente oportuno,
compartilhar suas doenças, fetiches extremos, comportamento criminoso ou outras
coisas daquela natureza terão o efeito oposto. Em vez de se conectar com outras
pessoas, você irá aliená-las. Sim, as pessoas gostam de sinceridade e
transparência. Mas não a custo de cruzar as fronteiras éticas e funcionais.
Tenham isto em mente.
As palavras criam figuras. Cada palavra que você escolhe
cria uma figura a qual você é responsável em impor a outras pessoas. Sim, você
tem liberdade para escolher suas próprias palavras. Mas como sempre, a
autoridade de decidir vem com a responsabilidade inerente que deve ser
carregada por você.
Deixe-me relatar minha própria experiência de autocensura
para colocar isto em perspectiva. Como vocês sabem, eu, com frequência e de
forma irreverente, me refiro a rapazes emasculados como “bichas”. Isto é
irresponsável de minha parte. Mas mesmo no meu uso irreverente e prazer
irresponsável em praticar ações inconsequentes, há certos limites que eu
procuro evitar passar. Por exemplo, eu já postei uma imagem que diz, “Um gay
chamou, é pra você”. Nele, há uma figura de um homem sem camisa. O contexto gay
cria um sentimento de ligeiro desconforto:
Mas eu já pensei em ir mais longe. Algumas vezes eu leio
coisas tão irritantes e tão ridicularmente emasculadas que eu quero postar uma
foto de um cara rodeado de pintos pra denotar a intensidade dos meus
sentimentos sobre o tamanho, a profundidade ou o grau de tal imbecilidade. Mas
eu seu que tal imagem sairia dos limites. Iria além do desconforto para o
terreno da repulsa. Seria como ver um bebê tendo sua cabeça cortada. Por fora,
seria como apenas uma imagem na tela ou palavras em uma página, mas o que você
vê e o que lê tornam-se o alimento de sua psique.
Em outras palavras, você é o que você come.
Se você escrever sobre pesadelos, matanças e torturas e
assistir Reservoir Dogs, Hostel e O Massacre da Serra Elétrica o dia todo, mesmo que sua intenção
seja a de encontrar felicidade, você se tornará uma pessoa sombria, insensível
e problemática. Sua dieta psicológica é tão importante quanto a física. Não
negligencie nenhuma delas. Não abuse de nenhuma delas.
Assim como ovos e bacon decidem como seu corpo ficará,
palavras e imagens decidem como ficará sua estrutura psicológica. O que
acontece dentro de você define o que sairá de você.
Então, neste caso, você deve perguntar para si: Será que compartilhar
esta experiência irá alienar ou conectar pessoas? Será que esta experiência é
relevante para criar ordem em minhas interações com outras pessoas, ou irá
quebrar a harmonia social que estou procurando estabelecer?
Isto não é uma ciência exata, e você cometerá erros. Alguns
serão acidentais e outros intencionais. Chuck Palahniuk, autor de Clube da Luta, é o maior exemplo do
último caso. Enquanto eu adorei Clube da
Luta (o filme – não cheguei a ler o livro), eu odiei Guts – a história de um garoto que teve seu corpo tragado por um
filtro de uma piscina. Uma história me atraiu, e a outra me repeliu.
Considere o que irá atingir seus objetivos. Neste caso, seu
objetivo é criar uma interação social ordeira que revela suas vulnerabilidades
e não sua depravação, que se baseia na sinceridade sem violar os limites sadios
das fronteiras éticas e funcionais.
Neste recente episódio da tragédia em Santa Maria, preocupei-me sobre a quantas anda a tal dieta psicológica de alguns dos que estão na Real. Ressalto que a reação da maioria foi adequada e lembrou-se de que é algo que envolve pessoas sofrendo pela perda ou internamento de outras pessoas, mas vi certas mostras de rudeza que não cabem à proposta do movimento de fazer-se respeitar sem uso de violência física ou moral. Ficam elogios à maioria dos realistas, solidária à vida e que demonstrou grau de autocrítica rápido aos excessos de certos membros.
ResponderExcluirNeste momento é importante que não desumanizemos, seja a nós mesmos ou aos outros. Vi gente praticando falso dilema ao dizer que estamos nos preocupando com a morte de 200 e tantos baladeiros em um fato altamente noticiado em vez de pensarmos nas centenas de milheres de cristãos mortos por sua religião anualmente e que não são noticiados pela grande mídia, como se preocupação invalidasse a outra e não pudessem ser exercidas simultaneamente, o que absolutamente não é verdade. Outra coisa que vi foi gente que teoricamente deveria agir no bom senso trazido pela compreensão das coisas como são querendo usar o momento, nada conveniente, para falar contra a dinâmica das baladas. Mal notam esses que geram grande risco de fornecer pretextos de ataques por parte dos que odeiam a Real.
Por que falei da dieta psicológica? Por hoje ter sido momento em que a pobreza de algumas dietas se revelou. Gente que fala de Nessahan esqueceu-se do conselho que o próprio deu para que não se polarizem e fizeram exatamente isso. Criaram as tais figuras pelas palavras sem notar que o fizeram. Se os realistas se chamam de guerreiros, devem lutar o bom combate, ainda que eu volte a ressaltar que a maioria absoluta dos realistas que vi rechaçaram os excessos dessa tal minoria e estão procurando afastar-se dela. Isso inclusive mostra a diferença do movimento em relação às feministas e seu ato de não repelirem explicitamente Valerie Solanas, Andrea Dworkin e outras amiguinhas, mas inclusive dizerem que elas estariam apenas sendo irônicas.
Porém, o principal da coisa é pensarmos a quantas anda a ajuda ao homem, foco principal do movimento. Praticantes de excessos não representam o todo da opinião mais corrente e, usando uma estrutura reforçada pela Manhood, poderíamos considerar que eles estão indo contra a tônica de trazer ordem ao tecido social. Porém, temos de perguntar como esses praticantes estão alimentando sua psique. Receio que tenham introjetado conhecimentos como palavras-gatilho em vez de compreender conceitos e agir como a mente que se abre para um novo conhecimento. Essa tal minoria viu o acidente e leu "balada" em vez de "pessoas" e agiu como um cão de Pavlov. E nesse ponto, nada mais fizeram do que algo análogo ao que fazem os odiadores da Real, que praticamente só agem na base da palavra-gatilho que gera uma reação deproporcionadamente enfurecida e o despejo automatizado de um discurso decorado, que no caso dos tais odiadores apenas e tão somente gera a tal censura informal tão aperfeiçoada pelos marxistas culturais, sendo que o marxismo cultural é uma das coisas que a Real não quer que prospere.
Volto aqui a ressaltar que a maioria absoluta do pessoal da Real está de parabéns por ter se solidarizado às vítimas de Santa Maria e rechaçado os erros de alguns que viram a coisa pelo prisma da balada em vez de ser um acidente em um recinto no qual houve uma série de erros que poderiam acontecer também em lugares de trabalho (vide edifícios Joelma e Andraus). Também parabenizo a postura de não dogmatizarem até mesmo certos conceitos que alguns jogam, fazendo o que podemos chamar de autocrítica do movimento em tempo real. Porém, é preciso que pensemos em como aperfeiçoar a tal dieta psicológica para evitar que surjam casos como os que relatei anteriormente.
O que acontece com alguns dos espaços da Real é que os moderadores deixam passar tanta coisa que uma par de caras acabam enchendo os espaços com informações conflitantes e conselhos baseados na concepção popular (e deficiente) da masculinidade.
ExcluirResultado = homens mais confusos e destilando suas frustrações. Eu não acredito que esses caras realmente desejem mal às vítimas de tragédias assim, é que a frustração deles os alienou da realidade dos fatos. Tudo passa a ser explicado por teorias e proposições que só existem na cabeça deles.
Sim, mas também houve espaços, como a página Filosofia da Real, em que o mandachuva dela ficou falando besteira a respeito do ocorrido (novamente aqui, mérito para o pessoal da Real, que rechaçou o que o cara disse e desinscreveu-se da referida página). E, se olhávamos aquele conteúdo, ficava a impressão de que o cara agia na base do "mamãe, sou rebelde, desbocado e toco o f...-se para o mundo", de tão impróprios que eram os comentários. Esse cara acabou sendo o realista que as pessoas que odeiam a Real querem justamente para arrumar pretexto para dizer que o todo é aquilo (ainda que o todo tenha, conforme dito antes, achado um absurdo o que o tal cara disse porque é mesmo um absurdo).
ExcluirRetorno aqui à preocupação sobre se o tipo de figura que o pessoal quer gerar (que conscientizar o homem que ele está sendo tratado como burro de carga e objeto descartável e que se encontra em um mundo no qual a histeria fala mais alto que a verdade dos fatos) está de fato sendo gerada com o as palavras que vejo em alguns tipos de escritos que tenho visto.
Vejo que o pessoal não tem notado que há bons exemplos de uso da palavra para criar as figuras adequadas, como é o caso do padre Paulo Ricardo (que inegavelmente se comunica bem e não usa uma grosseria sequer para ser contundente). Note como ele forma bem as figuras que quer passar adiante, a ponto de ter fãs também entre evangélicos e ateus (não confundir com neoateus, obviamente). Tudo bem que ele tem de ter uma certa sobriedade, até por ser padre e de rito tradicional, mas mesmo assim ele mostra que é possível não ser o tal cristão manso que engole injustiças sem que isso signifique partir para grosserias. Tentaram acusá-lo e vieram com aquele abaixo-assinado, mas dava para ver que só o estavam acusando de ser muito católico e que não daria para se avançar qualquer processo contra ele justamente porque está amparado naquilo que a Igreja Católica diz (e que por vezes parece ter medo de fazer valer em seu interior). E ele segue em seu jeito contundentemente sereno, conforme provam seus novos vídeos.
Por isso que volto ao lance do tal cuidado que por vezes não estou vendo no pessoal da Real, mas que deveria ser levado em conta na hora de se manifestar. Tivemos as tais batatadas da Filosofia da Real, que, conforme dito antes, foram adequadamente repudiadas pelo pessoal e resultaram em desinscrições, mostrando que o movimento não é arrogante nem fecha-se em si. Porém, é mais uma mostra de que o pessoal não está notando que a toada do antigo Barrosdelimaster, do padre Paulo Ricardo e também deste espaço é mais adequada justamente por trazer a verdade dos fatos desprovida de penduricalhos que possam ser usados para tentar desmoralizá-la sem conseguir contestá-la.