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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Feminismo, uma história de mentiras - volume 03b

Continuação de Feminismo, uma história de mentiras – volume 03a. Se você ainda não leu a primeira parte, comece lá. Se sim, continue aqui:

Investigando a “Cultura do Estupro” na América
Christina Hoff Sommers 


A histeria da crise do estupro: "potenciais sobreviventes" e "potenciais estupradores"

Uma corajosa minoria de acadêmicos têm criticado publicamente aqueles que proclamam uma "crise de estupro", exagerando o problema e provocando ansiedade desnecessária. Camille Paglia afirma que eles têm sido muito histéricos com o estupro em encontros: "O estupro em encontros foi elevado para um evento catastrófico em nível cósmico, tipo um asteróide ameaçando o planeta Terra como acontecia nos filmes de ficção científica dos anos 50." [39] Ela rejeita com sinceridade a afirmação de que "'se eu não quero, me respeite, sempre...' [f] Não sempre foi, e sempre será, parte de um ritual de sexo, charme e sedução 'perigoso', observável até mesmo no mundo animal." [40]

A reprovação da publicidade do estupro em encontros por parte de Paglia enfurece as feministas das universidades, para as quais a crise do estupro é algo real. Na maioria das universidades, grupos de combate ao estupro em encontros fazem palestras, marchas e reuniões. As vítimas são "sobreviventes", e suas amigas são "co-sobreviventes" que também sofrem e precisam de acompanhamento. [41] Em algumas palestras sobre conscientização para o estupro, mulheres que jamais foram estupradas em encontros são consideradas "potenciais sobreviventes", e seus colegas homens "potenciais estupradores". [42]



Será que o estupro em encontros alcançou mesmo proporções críticas dentro das universidades? Ao ter ouvido falar de um surto de estupros na Universidade de Columbia, Peter Hellman, da New York Magazine, decidiu fazer uma reportagem sobre isso. [43] Para sua surpresa, ele descobriu que os relatórios da polícia da universidade não mostraram nenhuma evidência disso. Apenas dois estupros foram reportados pela polícia da Universidade de Columbia em 1990, e em ambos os casos, as acusações foram arquivadas por falta de provas. Hellman checou os números em outras universidades e descobriu que, em 1990, menos de mil estupros foram reportados para a segurança das universidades, em todo o país. [44] Isto significa menos de meio caso de estupro por campus. Ainda assim, apesar de haver um centro de estudo sobre a crise de estupro no Hospital St.Luke-Roosevelt a dois quarteirões da Universidade de Columbia, feministas acadêmicas pressionaram a administração para instalar um centro de estudos da crise do estupro dentro da universidade. Peter Hellman descreve uma noite típica nesse centro em fevereiro de 1992: "Em uma recente noite de sábado, um turno de três conselheiras estavam no centro - sendo uma a substituta das outras duas. Ninguém ligou; ninguém apareceu. Como num quartel de bombeiros, três mulheres esperavam alertas e prontas para a chegada do desastre. Era fácil esquecer que essas eram as últimas horas que se passavam para a chegada do Dia de São Valentim [g]." [45]

Na Fundação The Morning After, Katie Rophie descreve as medidas tomadas para prevenir assédios sexuais em Princeton. Luzes azuis foram instaladas ao redor do campus e as calouras são chamadas com assobios para orientação. Há passeatas, sessões de aconselhamento e telefones de emergência. Mas, como Roiphe diz, Princeton é uma cidade muito segura, e sempre que ela andasse em um campo de golfe deserto para chegar às salas de aula, ela ficava com mais medo daquelas malucas do que de um estuprador. Roiphe diz que entre 1982 e 1993, apenas dois estupros foram reportados para a polícia da universidade. E que, quando se trata de ataques violentos no geral, os homens são na verdade mais propensos a serem vítimas. Roiphe vê o movimento da crise de estupro nas universidades como um fenômeno de privilégio: essas mulheres tiveram tudo na vida, e quando descobrem que o mundo pode ser perigoso e imprevisível, elas se revoltam:

Muitas dessas garotas [nas passeatas contra o estupro] vêm de Milton e Exeter [i]. Muitas delas viveram repletas de verões em Nantucket [h] e aulas de montaria em cavalo. São mulheres que cresceram esperando justiça, consideração e bons modos. [46]

O grave problema do desvio de verbas

A reportagem da Blade sobre o estupro é única no hornalismo contemporâneo porque os autores ousaram questionar as estatísticas feministas populares deste problema que mexe com a sensibilidade das pessoas. Mas para mim, a importante e intrigante  história que eles contam sobre as estatísticas não confiáveis que são propagandeadas é ofuscada por uma descoberta ainda mais importante que eles fizeram sobre a forma moralmente indefensável que as verbas públicas para o combate ao estupro são alocadas. Schoenberg e Ros estudaram as vizinhanças da  cidade de Toledo e calcularam que as mulheres em áreas mais pobres eram trinta vezes mais propensas a serem estupradas do que aquelas em áreas mais nobres. Eles também descobriram que os índices de estupro nas universidades eram 30 vezes menores do que os índices para a população entre 18 e 24 anos de toda a cidade. Mas as atenção e o dinheiro está atendendo desproporcionalmente para os menores grupos de risco. De acordo com os repórteres da Blade:

No país todo, as universidades públicas gastam milhões de dólares por ano com programas cada vez mais numerosos para o combate ao estupro. Vídeos, aulas de defesa pessoal e assistentes de vítimas de estupro são lugares comuns... Mas esses novos gastos vêm num tempo em que programas comunitários de combate ao estupro - também dependente de impostos - estão lutando desesperadamente por dinheiro para ajudar pessoas com enfrentando muito mais riscos do que estudantes universitárias. [47]

Uma razão óbvia para esta desigualdade é que as lobistas do feminismo vêm em grande parte da classe média e, então, fazem grande pressão para proteger seu próprio grupo. Para fazer seus argumentos plausíveis, elas se pintam como vítimas sobreviventes ou "potenciais sobreviventes". Outro método é expendir a definição de estupro (como fazem Koss e Kilpatrick). A doutora Andrea Parrot, membro da Coalizão de Difusão de Educação contra o Estupro da Universidade de Cornell e autora de "Sexual Assault on Campus", inicia seu manual de prevenção de estupros com as palavras, "Qualquer relação sexual sem desejo mútuo é uma forma de estupro. Qualquer pessoa que seja pressionada, física ou psicologicamente, a ter relação sexual, em qualquer situação, é tão vítima quanto a pessoa que é atacada na rua" (ênfase minha). [48] Por tal definição, mulheres privilegiadas em nossas univeridades ganha paridade moral com as vítimas reais de estupro fora delas. A concepção novelesca de estupro de Parrot também justifica os salários pagor para os novos profissionais na indústria do estupro nas universidades em expansão. Afinal, é muito mais prazeroso lidar com estupros de um escritório em Princeton do que nas ruas do centro de Trenton.

Outro motivo das mulheres universitárias estarem ganhando uma quantidade polpuda de verbas públicas para o combate ao estupro é que o dinheiro das universidades, apesar de público, é alocado pelos administradores das universidades. Como mostra a Blade:

As universidades públicas têm orçamentos multimilionários subsidiados por dólares vindos do governo. Os administradores das universidades decidem como o dinheiro será gasto, e estão dispostos a solucionar problemas de grande repercussão, como o estupro nas universidades. Em contraste, os centros de crise de estupro - agências sem fins lucrativos que provêem serviços gratuitos na comunidade - apelam diretamente aos governos federal e estadual por dinheiro. [49]

Schoenberg e Roe descrevem casos típicos de mulheres das comunidades pelo país - em Madison, Wisconsin; em Columbus, Ohio; Em Austin, Texas; e em Newport, Kentucky - que foram estupradas e tiveram que esperar meses por assistência. Houve três estupros reportados à polícia na Universidade de Minnesota em 1992; em Nova Yourk, o número ficou perto dos 3 mil. As estudantes do Minnesota têm assistência 24 horas de seu centro de assistência a vítimas de estupro. Em Nova York, a "assistência" se resume em detetives da Unidade de Crimes Sexuais. A Blade reporta que os defensores da Violence Against Women Act de 1993 refletem as mesmas prioridades bizarras: "Se o Senador Biden fizer do jeito dele, as universidades vão ter pelo menos 20 milhões de dólares a mais para educação e prevenção de estupros." Enquanto isso, Gail Rawlings da Coalizçao da Pensilvânia Contra o Estupro reclama que o dinheiro não garante nada para serviços básicos e grupos de aconselhamento e apoio a mulheres da comunidade: "É ridículo. Esta verba é para encorajar acusações de violência contra a mulher, e um dos pontos principais é dar apoio à vítima... Eu não consigo entender por que [o dinheiro] não está lá." [50]

Devido ao estupro ser um dos crimes mais subreportados, as ativistas universitárias nos dizem que não podemos ver as reais dimensões do estupro nas universidades através de relatórios policiais ou hospitalares. Mas, como uma explicação do porque haver tão poucos incidentes de estupro nas universidades conhecidos e provados, isso não cola. Crimes sexuais não reportados não está só confinado nos campi, e em qualquer lugar que tiver um grande número de estupros reportados - nas comunidades urbanas onde os fundos para o combate ao estupro nunca chegam - o número de estupros não relatados será ainda maior. Não importa a forma que você veja, as mulheres universitárias não enfrentam nem metade do risco de estupro que as mulheres de qualquer outro lugar enfrentam. O fato de as mulheres universitárias continuarem a ganhar uma grande fatia - que não para de crescer - dos recursos públicos já escassos para a prevenção do estupro de da assistência à vitimas denota o quão desproporcionalmente poderosas e preocupadas consigo mesmas são as feministas universitárias, apesar de toda a preocupação delas pelas "mulheres" estar escrito em todo lugar.

Mais uma vez vemos o longo caminho que o Novo Feminismo trilhou desde Seneca Falls [j]. As mulheres protegidas e privilegiadas que lançaram o movimento pelas mulheres, como Elizabeth Cady Stanton e Susan B. Anthony se desdobraram para revelar, não se consideram como vítimas primárias da desigualdade de gênero: "Elas tinham almas grandes o bastante para ver o que havia de errado com os outros sem serem escarificadas em sua própria carne." Elas não agiam como se tivessem "enfrentado, por experiência própria, as formas mais bárbaras da tirania resultante de leis injustas, ou associação com homens imorais e inescrupulosos." [51] As senhoritas Stanton Anthony concentraram seus esforços na mulher de Hesten Vaughn e em outras mulheres indefesas cuja necessidade de igualdade de gênero era urgente e inquestionável.


Fabricando estatísticas

Muito da não atraente preocupação individual e vitimização que encontramos nas universidades hoje em dia foi engendrado de forma irresponsável pela estatística inflada e fabricada de “uma em cada quatro” mulheres sendo estupradas na universidade. Em alguns casos, as campanhas alarmistas cria uma exaltação de outro tipo. Em um artigo da revista The New York Times, Katie Rophie questionou os números de Koss: “Se 25% das minhas amigas tivessem sido estupradas, será que eu não saberia disto?” [52] Ela também questionou a visão feminista sobre o relacionamento homem/mulher: Essas feministas estão apoiando sua própria visão utópica de relação sexual: sexo sem luta, sexo sem poder, sexo sem persuasão, sexo sem busca. Se o convencimento verbal constitui estupro, então a palavra ‘estupro’ se expande para incluir todo tipo de relação sexual que a mulher experimenta como negativa.” [53]

 A publicação da Srta Roiphe revoltou as feministas universitárias. “A New York Times deveria ser bombardeada”, bradou Laurie Fink, professora da Kenyon College. [54] “Não convide [Katie] para sua escola se puder evitar”, aconselhou Pauline Bart da Universidade de Illinois. [55] Gail Dines, professora de estudos sobre mulheres e ativista contra estupro em encontros da Wheelock College, chamou Roiphe de traidora vendida ao “patriarcado dos homens brancos”. [56]

Outros críticos, tais como Camille Paglia e o professor de Bem Estar Social de Berkeley Neil Gilbert, já foram alvos de manifestações, boicotes e denúncias. Gilbert começou a publicar sua análise crítica ao estudo de Ms./Koss em 1990. [57] Muitas ativistas feministas não viram com bons olhos o desafio de Gilbert para a proporção de “uma em cada quatro”. Um centro de estudo de estupro em encontros de San Francisco se mobiliza para “refutar” Gilbert, mandando dezenas de artigos atacando-o e anunciando conferências feministas com cartazes vermelhos e laranjas com os dizeres, “PARE COM ISSO, VADIA!” As palavras não são de Gilbert, mas a tática é um modo efetivo de chamar atenção para seu trabalho. Em uma manifestação contra Gilbert na Universidade de Berkeley, estudantes ecoavam, “Corta o som ou corta ele” [l], e carregavam cartazes onde se lia, “MATEM NEIL GILBERT!” [58] Sheila Khuel, diretora do Centro de Direito para Mulheres, sob os cuidados dos leitores da Los Angeles Daily Journal, “Eu desejava que Gilbert fosse estuprado e... convencido, cara a cara, de que aquilo nunca havia acontecido.” [59]

As descobertas citadas que apoiam a “epidemia” de estupros nas universidades são produtos da pesquisa ideológica. Aqueles que as promovem se opõem ferrenhamente à vê-las expostas como imprecisas. Por outro lado, o estupro é mesmo um dos crimes mais subreportados. Precisamos de verdade para que a política de combate e prevenção seja justa e efetiva. Se as ideólogas feministas parassem de sujar o movimento, provavelmente conseguiríamos chegar lá.

Números e índices altos de estupro são usados por feministas radicais para promover a crença de que a cultura americana é sexista e misógina. Mas a afirmação comum de que o estupro é uma manifestação de misoginia está aberta a questionamentos. Assuma, por força do argumento, que Koss e Kilpatrick estão certos e que os números baixos do FBI, do Departamento de Justiça, da enquete de Harris, do estudo antigo de Kilpatrick, e de muitas outras pesquisas mencionadas anteriormente estão erradas. Será que isso implicaria que que somos uma “cultura patriarcal do estupro”? Não necessariamente. A sociedade americana é excepcionalmente violenta, e a violência não é especificamente patriarcal e misógina. De acordo com a International Crime Rates, um relatório do Departamento de Justiça americano, “Crimes violentos (homicídio, estupro e roubo) são de quatro a nove vezes mais frequentes nos Estados Unidos do que na Europa. O índice americano para estupro era [...] mais ou menos sete vezes maior do que a média europeia.” [60] A incidência de estupros é muitas vezes menos em países como Grécia, Portugal ou Japão – países muito, mas muito mais patriarcais do que o nosso.

Pode-se dizer que em lugares como Grécia, Portugal e Japão não mantém registros confiáveis sobre estupros. Mas o fato é que esses países são significativamente menos violentos do que o nosso. Eu andei num parque como o Central Park, em Kyoto, de noite. Eu me senti segura, e estava segura, não porque o Japão é uma sociedade feminista (é o oposto), mas devido ao crime ser relativamente raro. Estudos internacionais sobre violência sugerem que o patriarcado não é a causa primária do estupro, mas que ele, junto com outros crimes contra a pessoa, é causada por qualquer coisa que faz com que nossa sociedade seja a mais violenta entre os tão chamados países avançados.

Mas a sugestão de que a violência, e não a misoginia patriarcal, seja a causa primária de nosso índice relativamente alto de estupro não é bem vinda para feministas radicais como Susan Faludi, que insiste, mesmo diante de todas as evidências em contrário, que “o índice mais alto de estupros ocorre em culturas que possuem os mais altos graus de desigualdade de gênero, onde os sexos são separados no trabalho, que possuem religiões patriarcais, que celebram esportes masculinos e rituais de caça, p. ex., uma sociedade como a nossa.” [61]

No outono de 1992 [m], Peter Jennings apresentou um especial na rede ABC sobre o estupro. Catharine McKinnin, Susan Faludi, Naomi Wolf e Mary Koss estavam entre os convidados, junto com John Leo da U.S. News & World Report. Quando McKinnon lançou a afirmação de que 25% das mulheres eram vítimas de estupro, Sr. Leo respondeu, “Eu não acredito nessa estatística... é totalmente falsa.” [62] McKinnon contra-atacou, “Então quer dizer que você não acredita em mulher. Não são bolinhos assados, são entrevistas com mulheres por pessoas que acreditaram nelas quando elas disseram. Essa é a metodologia.” [63] A acusação de que Leo não acreditava em “mulheres” o silenciou, do jeito que ela quis. Mas como vimos, acreditar no que as mulheres realmente dizem com certeza não é a metodologia pela qual algumas feministas fazem propaganda de suas estatísticas bombásticas.

A outra jogada de McKinnon estava certamente planejada. Ela mencionou que as estatísticas que tinha citado estavam “começando a ser aceitas pelo governo.” Aquela afirmação não podia ser desmentida, e McKinnon pode ser perdoada por papagaiá-la. O governo, assim como a mídia, está aceitando os argumentos das feministas radicais e está introduzindo leis cujo “propósito é de [...] aumentar a conscientização do povo americano.” [64] As palavras são de Joe Biden, e ao projeto de lei à qual se refere – a Violence Against Women Act[n] – introduz o princípio de que a violência contra a mulher é igual a violência racial, pedindo solução na esfera tanto civil quanto criminal.

Assim como um linchamento ou morte na fogueira, um ato de violência de um homem contra uma mulher será processado como um crime de desigualdade de gênero, sob o título 3 da lei: “As leis criminais federais e estaduais não protegem o elemento em desvantagem em crimes motivados por gênero, que separa estes crimes de atos aleatórios de violência, nem tais leis provêm vítimas de crimes de gênero a oportunidade de reivindicar seus interesses.” [65] Enquanto a violência comum é “aleatória”, a “violência contra a mulher” pode ser discriminatória no sentido literal, como considerar falar de uma pessoa intolerante discriminatória devido à sua raça ou religião.

O litígio do estupro

Mary Koss e Sarah Buel foram convidadas para dar testemunho sobre o assunto da violência contra a mulher antes do Comitê Judiciário da casa. As descobertas de Dan Kilpatrick foram citadas. Neil Gilbert não estava lá; nem mesmo os outros acadêmicos entrevistados pela Toledo Blade.

A aprovação daquele projeto de lei enche de orgulho os corações das feministas radicais. Se a gente considerar que um rapaz namorando no banco de trás de um carro pode ser processado como um estuprador e um machista intolerante que violou os direitos civis de sua parceira, podemos ver porque o título 3 está sendo propagandeado por feministas radicais como Catharine McKinnon e Andrea Dworkin. Esta última, que ficou surpresa e entusiasmada com o apoio que o projeto de lei estava tendo, observou com sinceridade que os senadores “não entendem o significado da lei que eles estão aprovando”. [66]

O senador Biden nos convida a ver o potencial do projeto de lei como um instrumento de educação moral em escala nacional. “Eu me convenci [...] de que a violência contra a mulher reflete muito mais a falha da moral coletiva de nosso país do que a falha das leis e regulamentos de nosso país.” [67] Justo, mas então por que não incluir aí crimes contra crianças e bebês? Que base constitucional ou moral existe para considerar vítimas mulheres de crimes  dignas de tratamento especial, sob as leis do direito civil? Será que Biden e outros estão entrando na ontologia feminista de uma sociedade dividida por uma linha da discórdia separando os sexos?

As feministas igualitárias estão cansadas, assim como todas as outras pessoas, com a persistência da violência contra a mulher, mas elas não estão possuídas pela visão que permite suas irmãs superprotetoras apresentarem dados bombásticos mas imprecisos sobre abuso sexual.  Elas querem que os cientistas sociais digam a verdade com dados objetivos sobre a persistência dos estupros. E devido a elas não serem comprometidas com a visão de que os homens estão organizados contra as mulheres no contexto de que, em nosso país, parece ser uma crise generalizada de violência contra pessoas. Ao distinguir atos de violência aleatória e atos de violência contra a mulher, os apoiadores da Violence Against Women Act acreditam estar mostrando sensibilidade para as preocupações feministas. Na verdade, eles podem provocar danos sociais ao aceitar uma visão separatista e sexista para um problema que não é causado por desigualdade de gênero, misoginia, ou “patriarcado” – uma visão que esconde problemas reais e urgentes como agressão entre lésbicas ou violência sexual entre homens. [68]

De acordo com Stephen Donaldson, presidente da Stop Prison Rape, mais de 290 mil prisioneiros homens são abusados sexualmente todos os anos. Estupro em prisões, diz Donaldson em um caderno de opinião da New York Times, “é uma tradição enraizada”. Donaldson, ele mesmo vítima de estupro em uma prisão vinte anos atrás quando estava preso por atividades anti-guerra, calculou que deve haver mais ou menos 45 mil estupros todos os dias em nossa população prisional de 1,2 milhão de homens. O número de estupros é muito maior do que o número de vítimas porque os mesmos homens são, com frequência, atacados repetidamente. Muitos dos estupros são do tipo “gang bang”, repetidos dia após dia. Reportar tal tipo de estupro é muitíssimo perigoso, por isso esses estupros devem ser os mais subreportados de todos. Ninguém sabe o quanto os números de Donaldson são precisos. Eles parecem incríveis para mim. Mas as atrocidades trágicas e negligenciadas com que ele se preocupa não são do tipo que atraem aprovação da Fundação Ford ou da Ms. Se ele estiver com um mínimo de razão, a incidência de estupro de homens pode ser tão alto quanto, se não mais alto que o estupro de mulheres.

Foque na raiz do problema

Feministas moderadas [o] consideram sensato visualizar do problema da violência contra a mulher apontando a raiz do problema do aumento geral da violência e do declínio da civilidade. Ver o estupro como um crime de violência de gênero (encorajado por um patriarcado que vê a agressão à mulher com tolerância) é com certeza se desviar de sua natureza real. O estupro é praticado por criminosos, que quer dizer, é praticado por pessoas acostumadas a se gratificarem por meios criminosos e que se preocupam muito pouco com o sofrimento que infligem nos outros.

Não é novidade que a maioria das práticas violentas é feita por homens. Mas isso muito pouco se parece misógino. Este país tem mais do que uma porcentagem de homens violentos, estatisticamente podemos esperar estes indivíduos se gratificarem às custas de pessoas mais fracas que eles, homens ou mulheres; e é assim que eles fazem. As ideólogas do feminismo radical confundem e alarmam o público com estatísticas infladas. E elas não têm feito caso algum com a afirmação de que a violência contra a mulher é um sintoma de uma cultura profundamente misógina.

O estupro é apenas uma variedade de crime contra a pessoa, e o estupro contra a mulher é apenas uma subvariedade. O verdadeiro desafio que enfrentamos em nossa sociedade é como reverter a maré de violência. A forma de conseguir isso é um desafio real para a nossa imaginação moral. Está claro que devemos aprender mais sobre o por que de termos tantos meninos nossos tão violentos. E está claro que devemos achar meios de educar nossas crianças para ver a violência com repugnância e desprezo. Devemos mais uma vez ensinar o que é decência e consideração. E isto, também, deve estar claro: em qualquer agenda construtivista pelo futuro, a filosofia social divisivista do feminismo radical não tem lugar.

Referências numéricas na fonte

Referências alfabéticas:


[f] – "No (always) means no" - frase comum das garotas para frear investidas
[g] – O dia dos namorados nos Estados Unidos e outros vários países do mundo[h] – Ilha situada no Estado de Massachussets, 145 km a sudeste de Boston, famoso por receber turistas de classe média alta[i] – duas cidades do nordeste dos Estados Unidos
[j] A Declaração de Seneca Falls ("Declaração dos Sentimentos"), marco inicial oficial do movimento feminista.
[l] – cut it out or cut it off
[m] – primavera no texto original (Que é a estação no hemisfério norte naquela época do ano)
[n] – a VAWA se tornou lei em 1994 e vigorou até dezembro de 2012, sendo suspensa temporariamente (não pela natureza sexista da lei, e sim por questão do tratamento de mulheres imigrantes)
[o] – equity feminists

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