UOL ensina filhas adolescentes a serem passivo-agressivas com seus pais

A internet é um campo vasto de troca não só de informações, como também de opiniões, experiências e compartilhamento de reações. Como quem faz a internet é cada um de nós e nós somos seres sociais, a internet também reflete a sociedade. Assim, há certas coisas na rede que só podem ser aproveitadas por pessoas que já possuem alguma vivência e responsabilidade, e a internet também pode esconder grandes armadilhas para quem não tem experiência em lidar com ela. 

Por isso, penso que tem menos de 18 anos não deveria nem estar navegando nela. Deveria estar na escola aprendendo a escrever direito, a pensar racionalmente e a respeitar a apreciação pública, podendo navegar na internet apenas acompanhadas de maiores e sem criar perfil em rede social. Os pais devem estar de olhos bem abertos com o que seus filhos e filhas fazem na internet. É primordial que eles façam isso enquanto seus filhos não são capazes de assumir responsabilidade pelos seus próprios atos.

Se isso fosse seguido à regra há muito tempo, não haveria como a blogosfera e os fóruns de discussão serem dominados por hordas de comentaristas infantis e covardes e spammers poluindo ambientes criados para troca de informações e debate inteligente, e muito menos crianças sujeitas aos riscos de serem vítimas de pedofilia. 

No entanto, o que se vê hoje são pais permissivos que não dão bola para o que suas crianças estão fazendo. Então, elas vagueiam por todos os cantos da rede e mergulham nas redes sociais, entrando em contato com desconhecidos de todo tipo. Até mesmo ganham smartphones e tablets para aproveitar a internet sem limites e com o máximo de privacidade.


E pra piorar, hoje em dia temos a psicologia mainstream que contribui para demonizar a autoridade dos pais sobre os filhos, reforçando ainda mais esta tendência. Uma nova matéria numa seção feminina do UOL sobre pais "inconvenientes" nas redes sociais é uma boa amostra disso: trata-se de um artigo para ensinar meninas adolescentes e jovens a lidar com todo pessoas chatas em seus perfis de redes sociais - incluindo os próprios pais - usando táticas passivo-agressivas de intimidação (sarcasmo, indução de culpa, foco no comportamento do outro etc). Do show de horrores, vamos apenas destacar como o artigo ensina as menininhas a lidar com papai e mamãe (Grifos e edições da MAB para mostrar a mensagem por trás de eufemismos e a camuflagem impessoal dada por artigos masculinos):

MÃE ORGULHOSA

O que faz: publica fotos da pior fase da vida do filho da filha e faz questão de marcá-lo la, elogia qualquer coisa que ele ela faça, não entende quando algum amigo dele alguma amiga dela faz uma piada e logo parte para defendê-lo la.

Quem é: uma pessoa muito distraída, que não tem noção de que aquilo será visto pelos amigos dos filhos pelas amigas das filhas e poderá constrangê-los las, segundo Miriam. Para ela, pais inconvenientes no Facebook também costumam ser assim na vida real. "É importante se colocar no lugar do outro dela e pensar se você gostaria que aquele comentário fosse colocado ali a apreciação pública não existisse. As mães devem se manifestar muito pouco nas páginas do filho da filha, principalmente se ele ela for adolescente", diz ela.

Reação de menina após ler a matéria do UOL:
"Viu, mamãe, o que a especialista disse?"

Como lidar: "Se o filho a filha está se sentindo incomodadoa, é preciso dar um toque na mãe, pedir para que ela não faça certos comentários [pois ferem a autoestima]. Os pais têm que entender [que comentários assim podem ser de vários tipos ferindo a autoestima de milhares de formas]", diz Miriam. Para Maria Aparecida, deve-se explicar que você se sentiu muito expostoa [indução passivo-agressiva de culpa com justificativa esfarrapada*]. "O Facebook é uma vitrine, a visibilidade é muito grande [melhor que os pais fiquem quietinhos], é válido dizer que você prefere não expor a intimidade da família na internet [só a filhinha tem permissão de queimar o nome da família, se ela quiser*]", afirma.

PAI CURIOSO

O que faz: pergunta quem são as pessoas que estão com você nas fotos, onde você estava, o que quis dizer com tal frase que postou, se o que você está segurando é bebida alcoólica...

Como é: curioso, controlador e impulsivo, aquele que nunca sequer parou para pensar antes de postar [= por que ele é tão grosso comigo?].

Adolescente após ler a matéria do UOL:
"Papai vai cair nessa fácil, fácil!"

Como lidar: "Ignore [recuse ativamente a autoridade de seu pai como uma vadia rebelde]. Se persistir, fale pessoalmente [última saída, quando ele te puxar a orelha], ligue [melhor] ou mande uma mensagem privada [ainda melhor] dizendo como você se sentiu com esses comentários [indução passivo-agressiva de culpa]. Peça para que ele não pergunte publicamente esse tipo de coisa [punição por repreensão, passiva (pedindo)], pois te coloca em uma situação delicada [justificativa esfarrapada*]", afirma. Para Andrea, vale mexer em suas configurações de privacidade e impedir que a pessoa veja suas fotos e publicações [melhor que as 3 citadas anteriormente, a chave aqui é se esconder deles o máximo que puder]. "Um pai que age dessa forma corta o canal de comunicação com os filhos. As redes sociais exigem um comportamento até mais respeitoso e com mais discrição do que aquele que acontece na casa, pois aquilo está aberto para muitas pessoas" [Ugh!], diz ela.

* = Perceba também como essa pseudoespecialista age para tirar todo o senso de responsabilidade da rebenta ao ensiná-la a argumentar a "exposição" que ela sofre na rede social com os comentários de seus pais, esquecendo-se completamente do fato de que, uma vez na rede social, ela está AUTOMATICAMENTE EXPOSTA à apreciação de qualquer pessoa na internet. Como se ela já não estivesse exposta com um perfil na internet; a culpa da autoexposição é sempre do outro. É a mesma jogada usada para defender mulheres que se vestem como vadias na rua e terminam estupradas; usada pra defender mulheres que apanham de companheiros violentos que elas próprias escolhem; e usada para propor leis que obriguem pagar a mulheres salários iguais a dos homens, mesmo trabalhando menos horas em cargos menos puxados. Trata-se de uma campanha feminista disfarçada para dar às mulheres privilégios especiais com ZERO de responsabilidades.

Se todos os pais seguissem esta cartilha ridícula de deseducação dos filhos com o uso de redes sociais, o cenário seria ótimo para qualquer pedófilo eventual, que teria praticamente milhões e milhões de crianças e adolescentes incautos e vulneráveis à sua disposição. 

Não caia neste conto. É por essas e outras que você, pai, deve proteger seus filhos e filhas da internet. Tem muita porcaria rolando por aí - inclusive onde se deveria haver informação de qualidade e prestação séria de utilidade pública, como nos grandes portais de notícias.