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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Relato: "Mesmo sendo destacado, percebi que minha vida não tinha sentido"

Eu sou Vagner. Tenho trinta anos, sou casado há quatro e tenho um filho de três. Sou professor nos anos finais de ensino médio aqui em SP, mas antes disso, fui professor por seis anos em SC e também já fiz de tudo, como ser corretor imobiliário, locutor, trabalhar em gráfica, em fazendas, ser ajudante de pedreiro, vender carros e fazer cobranças.

Eu vim de uma família pobre do interior do Rio Grande do Sul. Sou o mais velho de cinco filhos. Meus irmãos são dois homens e duas meninas. Meu pai trabalhava muito e ganhava bem, mas jogava todo seu dinheiro em noitadas, jogos, bebidas e mulheres. Muitas vezes minha mãe teve de pedir comida aos amigos ou desfazer-se de móveis (como a televisão e a geladeira) para podermos comer. Além disso, meu pai sempre foi ausente na minha infância. Era um homem que não se interessava por nada do que eu fazia, embora eu fosse sempre elogiado pelos vizinhos como o mais trabalhador, o mais educado, o mais estudioso e o mais responsável. Já a relação com minha mãe era conturbada. Por vezes ela nos espancava sem motivo, ou fazia chantagens para nos cobrar obediência. Quando nos rebelávamos, ela dizia: “é assim que vocês pagam por todo meu esforço em educá-los? Por que vocês não valorizam meu amor por vocês? É esta a minha recompensa?” Estava sempre doente, deprimida e se sentindo sozinha. Meu pai nunca soube o que fazer com uma esposa mal educada e geniosa, nem mesmo o que fazer para educar seus filhos. Sempre o via como um homem irresponsável, já que gastava seu dinheiro e deixava sua família passar necessidades que ele podia satisfazer. Para piorar, meus pais saíam e retornavam para religiões evangélicas várias vezes por ano e eu era criado na base do medo. Me sentia culpado por tudo: meus desejos, meus pensamentos e meu corpo. Mês sentia culpado por ser homem. 




Fui extremamente obeso até meus catorze, quinze anos. Minha própria mãe me humilhava, mandando eu mostrar minhas “tetas” aos vizinhos e dizendo para todos: “parece um porco de gordo”. Assim, eu era tímido e ressentido com tudo e todos. Para fugir da vergonha, me foquei em estudar e trabalhar. Eu lia muito e me jogava com todas as forças em qualquer trabalho que conseguisse. Aos treze, eu era capaz de comprar comida para sustentar a família caso meu pai voltasse dos bares sem dinheiro algum, coisa que acontecia frequentemente. Assim, desenvolvi disciplina e responsabilidade, embora isto tenha custado minha infância e parte da adolescência. 

Na escola, aprendi logo que:

a) as meninas não se importavam com o quanto eu era trabalhador, responsável, dono das melhores notas de todas as escolas da cidade, com um projeto aprovado na Câmara dos Vereadores ou com artigos publicados nas revistas aos 12. Elas queriam meninos populares, simpáticos, “na moda” e que se destacassem por algum tipo de baboseira qualquer, como brigar com a polícia ou ser capitão do time da escola.

b) elas usavam sua aparência para conseguir coisas como ajuda nos estudos, trabalhos e provas. Lembro que era comum as meninas mais gostosas da sala brigarem para sentar perto de mim quando havia provas ou para fazer prova em dupla comigo. Uma delas me deixava olhar seus peitos ou mesmo tocar suas coxas disfarçadamente com a desculpa de estar ouvindo ela perguntar. 



Lembro que quando uma empresa lançou um concurso para os alunos do ensino médio, fui procurado por uma das meninas mais lindas da cidade, filha de professora, que disse que ia me pagar para fazer o trabalho dela. Eu neguei, e ela então disse: “Eu não ia te dizer, mas eu sempre gostei de você e sempre quis ser sua amiga, mas você é tão tímido e nunca me deu atenção...” Então eu derreti. Passei a frequentar a casa dela, a lanchar juntos na frente de todo mundo, e inclusive, uma vez, fui convidado para jantar com a família dela! Ela vivia dizendo sobre como eu era doce, educado, gentil, e assim eu me esforçava mais ainda para agradá-la. Estava completamente apaixonado. Pois bem, ela venceu com a minha ajuda. O prêmio foi um computador para a escola e uma excursão para o aluno, com direito a acompanhante, com tudo pago pela empresa. Mas quem é que foi com ela? Um aluno do terceiro ano, que tinha o apelido de “trator” e que, entre outras coisas, era famoso por ter brigado com a polícia, comido a mulher do diretor e vencido as olimpíadas nos Jogos Abertos de Santa Catarina (JASC). Eu chorei por uma semana inteira e, quando quis me reaproximar dela, ela me rejeitou dizendo que eu era muito chato e pegajoso. Mas o que mais doeu foi o tal “trator” vir falar comigo e dizer que ela era “a maior puta”, e que “todo mundo já tinha comido ela na cidade” menos eu, “porque não quis”...

Quando eu fiz quinze anos, consegui emprego em uma empresa que fazia transporte de insumos agrícolas. Tinha de carregar pacotes que variavam de trinta a cinquenta quilos e o trabalho era a todo vapor. Como nunca tive medo de trabalho pesados (eu os prefiro, e os faria por toda vida pudesse viver assim), me lancei com afinco. Ao final de um ano, eu – além de ter crescido incrivelmente – havia conseguido oitenta quilos de músculos. E de uma maneira que eu jamais poderia explicar, minha vida mudou: mulheres casadas, solteiras e de todas as idades se insinuavam pra mim; homens queriam ser meus amigos; e portas se abriam para mim sem que eu fizesse qualquer esforço. Era pura testosterona, e procurava adrenalina em qualquer lugar. O centro da minha vida se tornou cuidar do meu corpo, do meu cabelo, das minhas roupas e dos meus dentes. Com dezesseis anos já tinha uma casa só para mim e muitos vieram morar comigo. Foi quando perdi minha virgindade, comecei a beber e receber convites para festas vindos de todos os lados. Posso dizer que esta foi a fase mais louca da minha vida. 


Então, meu pai comprou uma chácara de quinze hectares dentro de um assentamento do MST e pediu para eu ir para lá. E aí entrei em contato com as ideias socialistas e passei a ser militante da esquerda em muitos movimentos e sindicatos. Embora isto tenha me dado contatos com intelectuais renomados e estudos em universidades (como a USP e a UnB), isto também me levou a uma série de experiências que me levaram a questionar o modo deles “educarem” seus militantes, impedindo questionamentos ou aceitando badernas em nome da “igualdade de manifestação” e outras merdas do tipo. Foi também nesta época que eu conheci o tal “mundo Pick Up Artist”. 


É verdade que tudo isto me deu muitas aventuras e sexo, mas também me trouxe problemas. Um deles foi quando uma professora de história separada, do tipo atriz pornô (loira dos olhos verdes com peitões magníficos), me disse que tinha amigas que viviam interessadas em mim, mas ela estava numa idade em que precisava de um homem para cuidar dela e que ela jamais me veria como este cara. Aquilo me incomodou muito, mas mais ainda, me incomodou não entender por que aquilo me incomodava. Aos poucos, fui me dando conta de que eu não queria ser admirado por minha aparência, por ser um cara legal ou por ter fama de “galinha”. EU NÃO QUERIA NADA DISSO. Eu queria ser RESPEITADO. Mas via que todos – homens e mulheres – me viam como uma espécie de acessório-para-levar-às-festas. E aquilo começou a me incomodar.

No fundo, eu gostava de esportes radicais, bons livros, atividades na mata, construção

civil, motores, relacionamentos estáveis com a comunidade, etc. Eu queria ser confiável, ouvido e respeitado. Queria que as pessoas dissessem: “podemos pedir para o Vagner fazer isto, porque ele é muito responsável e pode dar conta desta tarefa; podemos contar com ele”. Eu não queria ficar por dentro da quantidade de proteína e de carboidrato a ser ingerida; apenas me fizeram acreditar que aquilo era ser homem, sem mostrar os erros óbvios por trás dessa cortina de fumaça. Foi neste período que conheci minha atual esposa e, um ano depois, ela engravidou. Eu já tinha vinte e cinco anos

Eu já tinha ouvido falar da expressão “descer das nuvens e pisar em terra firme”, mas o que aconteceu comigo foi como se alguém tivesse me atirado de canhão e eu tivesse atingido o solo a cento e oitenta por hora. Para complicar, vim para SP com a promessa de que aqui professores ganhavam melhor se comparado a SC, o que não deixa de ser verdade, mas primeiro enfrentei a penúria de conseguir um emprego... Fiquei quase dois anos desempregado por isso.

Nunca na minha vida ficou tão claro o que eu não queria em um relacionamento. Já não queria mais uma vida de aventuras sem sentido, para provar a mim mesmo que podia comer muitas mulheres. Mas também não queria ser a pessoa que fica assistindo a outra tomar as decisões e conduzir a família para um futuro da qual eu discordava. No mais, já estava no meu segundo casamento.

Comecei a questionar os gastos sem sentido da minha esposa, comecei a exigir que ela me desse satisfações de cada centavo e comecei a dar ordens. Para minha surpresa, ela, que é nordestina e três anos mais velha que eu, disse: “sinceramente, prefiro que você administre tudo: carro, apartamento, dívidas, lazer, compras, manutenções. Eu perco o sono, fico em dúvida e no final das contas, faço tudo errado. Mas você parece ter tudo tão claro, e decidir o melhor de forma tão fácil, que eu me sinto tranquila”. Aquilo foi um clarão nos meus olhos. Eu esperava algo como: “esta querendo mandar no meu dinheiro?!” Outra situação foi quando eu disse a ela que não me sentia bem em ficar lavando louça e fazendo comida ou ficar cuidando das crianças. Disse que entendia que era temporário, que não era culpa minha, mas me incomodava muito. Falei em tom de desabafo, por me sentir culpado, me sentir mal com aquilo. Ela me surpreendeu dizendo: “ Você é homem. Lugar de homem é lá fora, correndo atrás do sustento da família. Eu sim queria estar no seu lugar. Sinto falta de cozinhar pra você, cuidar dos meus filhos, lavar sua roupa...” Eu fiquei tonto. Como assim? Ela não me chamou de machista, de homem-das-cavernas, nem coisa parecida? Não fazia sentido.


"Sim, eu te quero másculo!!!"
E eu me sentia mal com isso, porque a minha formação familiar, religiosa e política eram: “casamento é parceria”,”homens e mulheres são iguais e tudo deve ser dividido”, “mulheres são mais fortes porque podem trabalhar lá fora e cuidar da casa, já os homens mal podem trabalhar lá fora e administrar o que ganham”, e por aí vai. Para me deixar mais culpado, há um caso de estupro na família e um dos meus irmãos espanca com frequência sua esposa (eu mesmo tive que segurá-lo quando ele chutava o rosto dela, que se contorcia no chão), e de todos os irmãos da minha esposa, só as mulheres têm emprego estável e faculdade - os homens da família chegaram apenas até a quarta série, são bêbados e vivem de “bicos” aqui e ali (com exceção do caçula, que é pastor)... Então, mesmo com minhas experiências mostrando o caráter perverso da maioria das mulheres, eu, de forma estúpida, concluía: ”Sim, as mulheres são mais sensatas e os homens são animais que devem fazer de tudo para não perdê-las!” Mas, no fundo, não era isto o que eu sentia. Eu sentia que meu pai não suportava ficar em casa ouvindo as grosserias da minha mãe e suas constantes discordâncias sobre o que fazer, mas, frustrado e sem direção, descontava em bebidas, jogos e mulheres. Eu sabia que minha mãe me manipulava e jogava com minha necessidade de atenção e referências. Eu sabia que as coisas que atraíam as mulheres até mim eram superficiais e nojentas, e tinha repulsa daquele mundo que eu suportava apenas por minha necessidade de sexo.
A neblina baixou quando eu encontrei, nem lembro bem como, o livroOs Princípios Que Regem a Interação Social. A princípio, fiquei revoltado. Mas após a parte 2 (“Entendo a solução”) passei a entender mais e comecei a ficar curioso. Depois, na parte 3, concluí que era tudo “rígido” demais e que aquilo só funcionaria em uma sociedade não capitalista, onde os homens não vivessem desempregados ou não houvesse tanto apelo à satisfação das necessidades através do consumo de quinquilharias (carrões, roupas de moda, etc.). Mas o argumento da necessidade de ordem ficou piscando no meu cérebro como uma luz de aviso de que algo estava errado e merecia atenção. Então, após mais um mês frustrado, reli o livro. Desta vez, tentei ser mais aberto e reavaliar minhas crenças. Depois, passei a praticar algumas coisas, sempre com o lembrete de que a situação não mudaria automaticamente, que eu precisava dar tempo. 

Na vida a dois, uma das atitudes que descobri que mais funciona é ser direto e claro com o que quero. Eu digo: “Maria, quando sairmos para o centro, quero que me diga exatamente o que precisa fazer, por que e quanto tempo vai levar”. Ela também prefere assim. Do contrário, atrasamos horários, passamos do orçamento, gastamos tempo e combustível voltando a lugares em que já estivemos, etc. Outras coisas foram mais difíceis a princípio e exigiram que eu fosse mais especifico ainda. Por exemplo, às vezes ela chega do trabalho, me cumprimenta e vai fazer outra coisa. Ou eu chego do trabalho e ela continua fazendo o que já estava fazendo. Então, a princípio, eu dizia que queria mais atenção e que ela deveria se preocupar com “minhas necessidades”, quando na verdade eu queria sexo ou que ela me ajudasse a relaxar. Não funcionava. Ela chegava do trabalho, sentava-se ao meu lado e 
ficava perdida, pensando se devia falar, ou me beijar, ou só ficar ali em silêncio. Então passei a incluir atividades bem práticas. “Quero que coma alguma coisa, tome um banho, vista algo sensual (como um short curto e uma blusinha e tire o sutiã) e deite-se no meu colo. Fale apenas se eu puxar conversa. Se eu tomar alguma iniciativa com carícia sexual corresponda”. Então, as coisas aconteciam. Até mesmo para pedir ajuda: “Olha, o inquilino não fez o depósito do apartamento e eu preciso pagar o mecânico. Me empreste R$ X e eu lhe reponho depois”. Então, ela sabia quando eu precisava de ajuda e quando as coisas estavam sob controle. A forma de administrar a casa também mudou radicalmente: antes ela fazia o orçamento das compras do mês, agora ela é livre para fazer as compras no supermercado e eu entro com o dinheiro; despesas com reformas da casa e conserto do carro passaram a ser responsabilidade minha.


Mas nem tudo é simples. Às vezes ela descumpre o que eu pedi, então eu sou claro: “Não quero que faça x, quero que faça y”. Se ela questiona ou dá desculpas, eu repito, sem demonstrar raiva ou frustração: “Não quero que faça x, quero que faça y”. Isto resolve na maioria das vezes. Na ultima vez que isto não aconteceu, eu disse: “Pare de se comportar como uma bruxa amarga e deprimente. Ninguém suporta conviver com mulheres que agem desta forma”. Ela ficou magoada e depois me disse que tinha medo de acabar sozinha e me disse que não queria ser “uma bruxa amarga e deprimente”. Me pediu desculpas e eu a abracei, dizendo que ela não ficaria sozinha se me obedecesse. Para demonstrar minha satisfação, lhe acariciei e disse para ficar tranquila, que estava tudo bem e que eu gostava quando ela parava de teimar comigo e assumia seus erros.

Para encerrar, gostaria de dizer que, francamente, a maior dificuldade desta mudança na relação tem vindo mais de mim do que dela. Eu frequentemente me pergunto se é justo, se é necessário, se ela não “devia saber antecipadamente” o que eu quero, etc. Então, eu recorro aos vídeos, artigos e ao livro da Manhood Brasil para esclarecer determinados pontos. Já me dei conta, inclusive, que é sempre mais “cômodo”, a curto prazo, não cobrar as violações de expectativas para não ter que investir energia emocional ou estragar uma boa foda. Aliás, às vezes acabo sendo passivo-agressivo e deixo de cobrar o que ela fez de errado , apenas ignorando-a sem que ela saiba o porquê. Mas percebo também que quanto mais exercito o controle da relação, mais vai ficando claro o que deve ser feito e, consequentemente, mais a relação vai se tornando mais simples e prazerosa.

8 comentários:

  1. A princípio, fiquei preocupado em enviar este texto, já que achava que, por motivos óbvios no artigo, eu tenho lá minhasa reservas a algumas idéias da Manhood Academy. Então, imaginei que algumas coisas importantes poderiam ser supridas mas isto não aconteceu. Na verdade, o texto postado ficou mais claro que o original e eu agradeço pelo respeito com que Will Halford tratou estas informções, que são bem íntimas. No mais, quero dizer que outras mudanças estão em curso no minha vida, relacionadas a minha saude e vida profissional, causadas pelo meu contato com as idéias aqui defendidas, principalmente no livro "princípios da interação social". Gostaria de fazer apenas uma correção: na verdade, este é o segundo casamento da minha esposa (e isto explica muita coisa) e não o meu. Aliás, penso que se eu tiver um segundo casamento, ele será muito melhor, já que poderei iniciar tudo "do zero", como se diz. Abraço.
    Vagner da Rosa

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    Respostas
    1. Muito legal o seu relato, camarada! Você já é um vencedor!

      Ficou muito bom, e realmente dá para ver como sua vida melhorou depois que você assumiu seu lugar real nos relacionamentos, e a cobrar a ordem e o respeito que merece.

      Tudo de bom pra você!

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    2. Obrigado, parceiro. É bom ver meu esforço reconhecido entre os homens também. Tudo de bom para você também. Por que não escreve alguma coisa para nós conhecermos suas experiências também? Vou aguardar.
      Abraço.
      Vagner da Rosa

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    3. Para um pentelho de 20 anos como eu, esse texto foi um alívio. Mais evidências de que o se prega aqui funciona na vida real e é saudável. Eu cresci com pais separados então alguns dos pepinos que você descreveu na sua história, eu posso relacionar com isso. Também entendo que o esquerdismo para os adolescentes, é quase com uma menina linda, é muita tentação. Nunca fui radicalmente esquerdista mas já flertei com essas idéias, hoje estou bem no outro lado do espectro (mas não estamos aqui para discutir política). Já li seu depoimento 3 vezes e vou ler mais, comovente e inspirador. Eu acho que você tocou em outro assunto interessante: minha geração está associando músculos grandes e a habilidade de levantar 100 quilos com masculinidade. Mas, o que eu mais vejo em fóruns são grandalhões reclamando que não conseguiram manter a namorada, e que portanto, todas são putas. Apesar da nossa cultura, ainda sonho em construir uma família e eu acho que devo ao meu filho ensinar à ele como ser homem. Meu pai fez o melhor que ele pode, mas ele também foi criado por uma mãe semi solteira cujo pai também era alcoólatra. O mais curioso é que os ideais feministas estão tão enraizados nos homens que temos até receio de exigir que nossas expectativas sejam atendidas. Garanto que se pode contar nos dedos a porcentagem de homens que iriam expressar claramente suas expectativas, sejam elas em relação ao tempo, dinheiro e até do sexo. Enfim, parabéns pelo trabalho MA e boa sorte nas suas empreitadas Vagner... abraço

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    4. Olá, Macuw.
      No principio, eu passei por um processo bem dificil e lento de aceitação das ideias da Manhood. Minha passagem pela esquerda e a própria forma com que fui criado, minha cultura, minhas experiências, meus pais (como voce citou), etc. tudo dificultou meu aprendizado. Aos poucos, fui logo pondo em prática o que pude.

      Eu, basicamente, mudei minha vida quando me dei conta do papel da aparência no mundo adolescente/jovem. Até então, minha vida havia sido religião/trabalho/estudo. Derepente, eu entrei num outro universo, cercado de "pecado", "erros", "vergonhas", etc., mas muito, muito prazeroso. Eu fiquei neste estágio muito tempo; este mundo da musculação, da saúde. Achoq eu fiquei tanto tempo nele por um motivo simples: funcionava. Ele me dava tudo o que eu queria. Até o momento em que eu começo a querer mais. Então me dou conta de que aquilo tudo me dav apenas parte das minhas necessidades. Eu tenho outros dois irmãos mais e igualmente obcecados pela aparência, como eu ja fui. Musculação, dieta, roupas, carro. São extremamente populares. Um é bombeiro e o outro é gogô-boy (me desculpe por isso, mundo...rs). Um deles, apanha da namorada (sim; apanha), leva chifres direto, é expulso da casa DELE, volta, perdoa, leva outro chifre, briga, etc. Ela é uma bruxa mimada, mas como é gostosa, ela faz o que quer. Por outro lado, meu irmão tambem não arruma emprego fixo, gasta todo seu dinheiro em baladas e video-games. Enfim; o mauricinho mimado (desculpe a redundância). Meu outro irmão bate na mulher há quatro anos. Tem problemas com drogas. Ja esteve preso. Ja se envolveu em roubos. Enfim; o badboy. A questão é que nenhum deles esta feliz. São a vergonha da família e ninguem pode contar com eles. Minha mãe precisa dirigir a vida dos dois, para que eles não piorema situação. Digo isso por que concordo com você: o estereótipo do homem musculoso é uma ilusão. Ele só fica ainda mais ridículo de joelhos em frente a uma mulher.

      Eu tenho um filho e penso como você. Se eu tiver que fazer uam única coisa por ele, será lhe dar direção para que ele construa uma outra referência de masculinidade.

      Poxa, agradeço mesmo pelo apoio e gosto muito de imaginar que alguem leu meu texto e ele teve alguma utilidade. Eu sou professor e meu trabalho tambem mudou muito depois que conheci a Manhood. Tenho me aproximado de muitos garotos e ajudado-lhes com as questões que debatemos aqui. Eles respiram aliviados depois de nossas conversas. Eu gostaria inclusive de participar dos fóruns, mas meu ingles não é bom.
      Boa sorte para você tambem, Macuw. Abraço.
      Vagner

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    5. Eu também sempre achei escroto como a maioria encara musculação hoje em dia.
      Na minha opinião você tem que ter músculos para usa-los pra alguma coisa e não pra ficar se exibindo ou ficar que nem um baitolinha se olhando no espelho e fazendo pose.
      Eu malho, mais meus objetivos na musculação é me tornar funcional. exemplo: ter força, saúde e melhores capacidades físicas, ser capaz de me defender numa briga, entrar pro exército, ter mais vigor, qualidade de vida, e principalmente resistência (é oque eu mais valorizo, na musculação), não a nada melhor do que a sensação de que você aos poucos vai ficando mais forte e resistente, aumentando os pesos e com o tempo aquele peso fica cada vez mais fácil de se carregar. Estética é foda, não vou negar ou ser hipócrita, mais eu tento fazer com que isso seja em segundo plano.
      Eu prefiro ser um magrelo, másculo, viril e com autoridade do que um grandalhão chorão e sensível. Abraços e ótimo relato.

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  2. shooooowdebola

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